Em cima da prancha

Sentada nas dunas de areia, abandono a alma à contemplação do mar, que vai e vem incansavelmente, como se a sua missão fosse mesmo essa: ir e vir, beijar a areia e sacudir os golfinhos, abraçar as rochas e alimentar a multidão que acolhe no ventre. Absorta no azul matizado de espuma prateada, com a miragem perdida no horizonte inalcançável, não me apercebi do bulício da praia. Quando baixei o olhar, vi uma dúzia de jovens em cima da prancha: correndo, voando, dando reviravoltas inesperadas, perdendo o controle das ondas, e alguns dominando com vigor os movimentos do surf, do qual são alunos dedicados. E fiquei ali a pensar nos jovens, a inventar sonhos, a rever rostos, a contar histórias, a desdobrar experiências, a recordar segredos… do mundo dos jovens, dos jovens do nosso mundo! E ouvi que as pranchas diziam às ondas acerca deles: estes querem paz, justiça, verdade; precisam de afecto, amigos, família; esperam aprender, realizar, colaborar; buscam sentido, valor, futuro; desejam acolher, respeitar, servir; anseiam pela luz, a bússola, o farol; precisam do mar, da terra, de Deus! E as ondas responderam: Estes podem desenhar na história caminhos de solidariedade e paz, de hospitalidade e amor; podem deixar pegadas de justiça e verdade, de humanização e fé. Se eles quiserem! Parabéns aos jovens surfistas que cavalgam agora na 3ª onda.

0 ecos do mar: